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A Festa de Bricriu


Bricriu Nemthenga (Bricriu, a língua vene­nosa), convidou Conchobar e as homens do Ulster para uma festa magnífica, numa linda casa, concebida especial­mente para a ocasião. No lado oposto, Bricriu construiu uma pequena casa com grandes janelas de vidro, de for­ma que pudesse ver o seu interior, pois sabia que os homens do Ulster não permitiriam jantar com eles.
Antes da festa, Bricriu visitou Loegaite, Conall Cernach e CuChu­lainn, três dos maiores heróis do Ulster, e falou-lhes de um prêmio que, na sua festa, estaria reservado para o campeão dos campeões: “Tu serás rei de toda a Irlanda”, disse Bricriu a cada um dos heróis, “se ganhares o prêmio de campeão. Receberás um caldeirão, suficien­temente grande para conter três guer­reiros, cheio de vinho."
- "Terás também um varão alimentado durante sete anos a leite e cereal na Primavera, coalho e leite fresco no Verão, trigo e bolota no Outono, e carne e caldo no Inverno. E terás uma bela vaca que durante sete anos será alimentada a urze e leite, erva do prado e cereais. E terás, além disso, uma centena de grandes bolos de me! E este é o prêmio só a ti destinado, pois só tu és o maior dos homens do Ulster. Deves reclamar o prêmio logo que a festa comece.” Assim tentou Bricriu cada um dos heróis e voltou para terminar a preparação da festa.

Deus céltico, parte exterior do Caldeirão de Gundestrup, Dinamarca, séc. I a.C.
Os homens do Ulster chegaram no dia aprazado para a festa, ocupando cada homem e cada mulher o seu lugar na grande sala de acordo com a sua hierarquia. Quando todos estavam prontos, os músicos começaram a tocar e Bricriu anunciou: “Esta ali o dote reservado para o campeão. Que ganhe o melhor!” E, com estas palavras, deixou a sala e entrou na outra casa.
Como Bricriu esperara, começou imediatamente uma discussão entre Loegaire, Conall Cernach e CuChulainn e em breve os três guerreiros entravam em luta. Conchobar meteu-se entre eles e Senchae, que era o mais velho e o mais sensato de todos os homens do Ulster, disse: “Não deveríamos ter de lutar durante a festa. Hoje à noite, o dote será dividido entre os três, e amanhã pediremos a Ailill, rei de Connaught, para decidir a disputa.” Todos concordaram com estas palavras de sensatez e em breve todos se ficaram felizes a beber.
Entretanto, na casa pequena, Bricriu estava a maquinar como poderia por as mulheres importantes do Ulster umas contra as outras. Nesse momento, Fedelm, mulher de Loegaire, saiu de casa. “Por certo”, disse Bricriu, “tu és a mulher do maior herói da Irlanda. Se levares as mulheres do Ulster de regresso a casa esta noite, serás para sempre a primeira dama do Ulster.”
E Bricriu fez a mesma promessa a Lendabair, mulher de Conall Cernach e a Emer, mulher de CuChulainn. Chegou à altura das mulheres voltarem a juntar-se aos seus maridos na sala. Começaram a caminhar num passo imponente, mas, à medida que a casa ficava mais perto, apressaram-no cada vez mais, até terem de levantar os vestidos e correr. Os homens ouviram a agitação e, pensando que estavam a ser atacados, trancaram as portas da sala. As mulheres bateram repetidas vezes, do lado de fora, pois cada uma delas queria tornar-se a primeira dama do Ulster. CuChulainn usou a sua enorme força para levantar uma parede da casa e, assim, Emer conseguiu entrar a sala da festa e reclamar o seu prêmio.
A festa continuou, mas em breve os três herós e as suas mulheres começaram novamente a brigar por causa do prêmio do campeão. Foi decidido que os três deveriam ir, nos seus carros, falar ao rei de Munster, Cu Roi, filho de Daire, ou a Ailill e Medb, rei e rainha de Connaught, um destes decidiria a disputa. Cada um deles correu a desfilada para oeste, por montes e vales, em direção ao Connaught e Munster, tremendo o solo à sua passagem.
Da cidadela, em Cruachu, Medb ouviu o ruído e pediu a sua filha, Findabair, que fosse para a torre da porta de entrada e descrevesse quem estava a chegar com tal fúria. “O primeiro carro vejo um homem de cabelo comprido; usa-o em tranças e da raiz as pontas muda de cor, de castanho a vermelho-sangue e a amarelo-dourado.”
- “É certamente Loegaire”, disse Medb, “e vai chacinar todos em Cruachu.”
- “No carro seguinte, de pé, esta um homem com um cabelo encantador; como a crina dos seus cavalos, está entrelaçada e o seu rosto brilha com matizes vermelhos e brancos. Usa uma capa azul e carmesim e traz um escudo com rebordo de bronze e bojo amarelo; na outra mão empunha uma lança de um vermelho-ardente e os pássaros volteiam violentamente à sua volta.”
- “Esse deve ser ConallCernach", disse Medb, “e vai cortar-nos a todos aos bocados.”
- “E o terceiro carro”, continuou Findabair, “é puxado pelos mais velozes dos cavalos: um é cinzento e o outro preto, e correm mais depressa do que os pássaros e resfolgam clarões e relâmpagos. E o guerreiro é um homem triste, moreno, o homem mais bonito da Irlanda; vejo o seu peito alvo par baixo da túnica escarlate, segura por um broche de ouro; os seus olhos brilham como pedras preciosas e as suas brilhantes faces rosadas ficam em chamas quando salta, como um salmão, em cima do carro.”
- “Esse é CuChulainn”, gritou Medb, “e seremos reduzidos a pó pela sua cólera.”
Medb deu as boas-vindas aos heróis com uma cuia de água para refrescá-los e cinqüenta mulheres para atendê-los nos seus quartos de hóspedes. Disseram então a Ailill e Medb que tinham vindo procurar obter a sua opinião quanto à disputa sobre o prêmio de Bricriu; e todos amaldiçoaram Bricriu pela questão a que dera origem.
Ailill não conseguiu tomar uma decisão acerca dos três contendores e, assim, Medb chamou a si a questão: “Não há qualquer dificuldade em julgá-los”, disse Medb a seu marido, “pois Loegaire e tão diferente de Conall Cernach como o bronze acastanhado o é do ouro branco, e Conall Cernach e tão diferente de CuChulainn como o ouro branco o é do ouro verdadeiro.” Mandou chamar Loegaire. “Considero-te rei de toda a Irlanda”, disse Medb, “vais ter o prêmio de campeão; tens de voltar para junto de Conchobar e dos homens do Ulster e mostrar-lhes isto como um testemunho da nossa escolha.” E deu-lhe uma taça de bronze, com a base decorada com um pássaro em de ouro branco. Loegaire bebeu o vinho nela contido e juntou-se com as suas cinqüenta mulheres na cama.
Medb chamou depois Conall Cernach e disse-lhe o mesmo, dando-lhe uma taça de ouro branco com um pássaro dourado na base. Também ele bebeu o vinho e foi para a cama com as suas cinqüenta mulheres, reunidas por Sadb Sulbair, filha de Ailill e de Medb.
Finalmente, mandou chamar CuChulainn, e Ailill juntou-se a ela para a decisão. Ao herói foi dada uma taça de ouro verdadeiro, e o pássaro da base fora esculpido numa gema de inestimável valor. “És tu o campeão dos campeões”, disseram o rei e a rainha de Connaught, “e a tua mulher Emer é em nossa opinião, a primeira-dama do Ulster. Volta amanhã para Conchobar e reclama o prêmio.” CuChulainn ficou acompanhado na cama pela princesa Findabair.
Antes da sua partida, na manhã seguinte, os heróis divertiram a corte com as suas competições. Folgaram com o jogo de arremesso da roda. Loegaire só conseguiu atingir o topo da parede da sala, Conall Cernach bateu na viga mestra, para espanto da juventude de Connaught, porém, o arremesso de CuChulainn bateu na viga mestra com tanta força que a roda desapareceu pelo telhado e caiu no terreno exterior a distância de um braço.
CuChulainn tomou então as agulhas das centro e cinqüenta mulheres e atirou-as ao ar uma a uma de forma a que cada uma enfiasse no fundo da seguinte e formasse uma cadeia. Devolveu cada uma das agulhas a sua dona, perante a admiração da multidão que havia se reunido no pátio. Os três heróis despediram-se então de Ailill e Medb e da gente do forte de Cruachu e cada um deles regressou separadamente ao Ulster.
Conall Cernach e CuChulainn passaram por várias aventuras e quando finalmente chegaram ao forte de Conchobar, em Emuin Machae, encontraram a corte de luto. Loegaire chegara antes deles e, falsamente, anunciara as suas mortes. Sualtam, pai de CuChulainn, logo em seguida convidou todos para uma festa de boas-vindas. “Por que não deixar outro herói reclamar o prêmio de campeão?”, disse um dos homens do Ulster, durante a diversão. “Afinal, se qualquer destes três tivesse sido escolhido durante a sua estada em Cruachu, teria trazido para casa um testemunho como prova.”
Perante este desafio, Loegaire apresentou a sua taça e reclamou o prêmio de Bricriu. “O prêmio é para mim”, disse Conall Cernach, mostrando a sua taça, “pois a minha é uma taça de ouro e a tua e apenas de bronze.”
- “Então, sou eu o campeão dos campeões”, gritou CuChulainn, e mostrou a todos a taça de ouro verdadeiro com o seu pássaro de pedra preciosa. “Ailill e Medb decidiram”, exclamaram Conchobar e os homens do Ulster.
- “Concedemos-te o prêmio de campeão.”
Porém, Loegaire e Conall Cernach recusaram admitir a decisão e acusaram CuChulainn de subornar Addl e Medb. As espadas safaram de novo das bainhas. Conchobar deteve a luta e Senchae, o Sesato, afirmou que os três deveriam dirigir-se a Cu Roi de Munster, para uma decisão final.
Quando chegaram ao forte de Cu Roi, verificaram que este estava longe de casa, mas Blathnat, a sua mulher, fora instruída para lhes dar de beber e de comer até ao regresso do seu marido. Depois do jantar, Blathnat disse aos três que cada noite um deles deveria fazer a vigia, de acordo com as ordens de Cu Roi. Nessa noite foi à vez de Loegaire, porque era o mais velho. No momento em que o Sol se pôs, sentiram o forte girar como uma roda de moinho, pois Cu Roi, todas as noites, lançava um encantamento, para que nenhum inimigo pudesse encontrar o portão de entrada depois do escurecer.
Loegaire ficou de vigia enquanto os outros dormiam. Quando começou a alvorecer, um gigante emergiu do oceano, a oeste. Embora estivesse muito longe, o gigante parecia a Loegaire tão alto como o céu. Quando ele avançou, Loegaire viu que tinha nas mãos enormes troncos de árvore, que lançava violentamente contra si. Errara o alvo e o gigante, enfurecido, levantou Loegaire como um bebê e esmagou-o entre as mãos, como se estas fossem duas nós. O gigante atirou Loegaire por cima das muralhas de Cu Roi. Quando os outros encontraram seu corpo semimorto, pensaram que tinha tentado saltar as muralhas como um desafio aos outros homens.
Na noite seguinte foi à vez de Conall Cernach vigiar. Veio o mesmo gigante e causou-lhe as mesmas injúrias que Loegaire sofrera. A noite que se seguiu foi para CuChulainn. Foi uma noite terrível, pois fora profetizado que um monstro do lago abaixo da cidadela devoraria todos que ali habitassem.
Exatamente antes do nascer do Sol houve uma grande agitação na água, o que sobressaltou CuChulainn, pois este estava meio adormecido. Olhou por cima das muralhas e viu o monstro, que se elevou bem alto acima do lago. Voltou a cabeça e atacou o forte, abrindo a sua enorme boca para engolir cabana atrás de cabana. CuChulainn saltou bem alto e, no ar, mergulhou o braço na garganta da besta e arrancou-lhe o coração.
O gigante tentou, então, deitar a mão a CuChulainn, mas este foi muito rápido, executou o seu salto de salmão e, com a espada, golpeou o gigante. “Dou-te qualquer coisa, se me poupares a vida”, disse o gigante. “Quero o prêmio de campeão e que Emer seja a primeira-dama do Ulster.”, disse CuChulainn. “Concedido!”, declarou o gigante enquanto desaparecia na neblina matinal.
Cu Roi regressou no dia seguinte e ouviu contar as grandes façanhas de CuChulainn. De acordo com isso, concedeu-lhe o prêmio de campeão e os três heróis do Ulster partiram para casa. Uma vez mais, Loegaire e Conall Cernach recusaram o prêmio a CuChulainn, mas este estava cansado da controvérsia e o assunto ficou em suspenso.

Caldeirão de Gundestrup, Dinamarca, Museu Nacional de Copenhague
Algum tempo mais tarde, Conchobar e os homens do Ulster estavam prestes a jantar, em Emuin Machae, quando apareceu um ogro medonho a porta, que os desafiou para o jogo da decapitação. Os três grandes heróis estavam ausentes e Muinremur aceitou o desafio. “As regras são estas”, gritou o gigante, “tu decapitas-me esta noite e eu decapito-te amanhã.”
- “Perfeitamente!”, disse Muinremur, rindo, pois não tinha a intenção de manter a sua parte do combinado com o insensato ogro.
O ogro colocou a cabeca no cepo e Muinremur decepou-a com um machado. Para surpresa de todo o ogro levantou-se, apanhou a cabeça e partiu, dizendo que voltaria no dia seguinte. Voltou na tarde seguinte, mas Muinremur não foi visto em parte alguma. O ogro protestou perante tal ultraje e outro guerreiro concordou em fazer à mesma combinação. Na noite seguinte também esse guerreiro desapareceu do caminho do ogro.
Isto aconteceu durante três noites e, na quarta noite, juntou-se muito gente no pátio para testemunhar o prodígio. CuChulainn estava presente e o ogro desafiou-o para o jogo da decapitação. CuChulainn não só lhe arrancou a cabeça com um só golpe como a fez em pedaços no chão. Mesmo assim, o ogre levantou-se, pegou os pedaços e partiu. Na noite seguinte o ogro voltou, sabendo que CuChulainn era um herói que mantinha a sua palavra.
- “Onde esta o herói CuChulainn?” perguntou o ogro.
- “Eu não me escondo daqueles como tu”, respondeu CuChulainn. “Pareces preocupado”, disse o ogro, “mas, pelo menos, mantiveste a tua palavra.” CuChulainn colocou a cabeça no cepo e o ogre levantou o machado; toda a gente susteve a respiração e voltou as costas. Quando baixou o machado, o ogro virou o gume de forma a que só o cabo apanhou CuChulainn pelo pescoço.
- “Agora levanta-te, CuChulainn!”, gritou o ogro, “pois, de todos os heróis do Ulster e até de toda a Irlanda, tu és o maior em termos de valor e de honra. Tu és o campeão dos campeões e o prêmio de Bricriu é somente para ti. A tua mulher Emer é a primeira-dama do Ulster. E se alguém discutir este fato, os seus dias estarão contados.”
Com estas palavras o ogro abandonou a sala, mas, ao sair, transformou-se em Cu Roi, filho de Daire, e assegurou que o seu julgamento dos três heróis fosse definitivo.
Bibliografia:
Introdução à Mitologia Céltica - David Bellingham

A Saga de CuChulainn


O Nascimento de CuChulainn
No tempo em que Conchobar era rei do Ulster, nome dado a uma das quatro províncias históricas da Irlanda, seus capitães viram um bando de aves que se alimentavam das ervas da planície junto de Emuin Machae. Os guerreiros eram caçadores de aves e partiram nos seus carros perseguindo-as até onde quer que elas pudessem levar.
Dechtire tomou as rédeas do carro do seu irmão, o rei Conchobar e mais nove carros, partiram pela planície atrás das aves. Uma corrente de prata ligava as aves aos pares, e estas voavam e cantavam tão bem que os homens do Ulster se sentiam encantados.
Logo o entardecer aproximava-se e os homens procuraram um abrigo, pois estava a nevar. Foram bem recebidos numa cabana por um homem que lhes deu de comer e de beber, e, ao cair da noite, os homens do Ulster estavam bem ale­gres. O seu hospedeiro anunciou que a sua mulher estava prestes a dar a luz e pediu a Dechtire para ajudar. Os ho­mens trouxeram um par de potros da neve, e ofereceram ao menino que Dechtire estava a acariciar.
Na manhã seguinte, os homens des­pertaram e viram apenas o menino e os seus potros, pois as estranhas aves e a cabana tinham desaparecido; estavam exatamente a leste de Bruig. Regressa­ram a Emuin Machae, onde o rapaz cresceu e depois de alguns anos adoeceu e repentinamente e veio a falecer. Dechtire chorou amargamente a morte do seu filho adotivo. Então, pediu água e foi­-lhe dada uma tigela de cobre, mas sem­pre que a levava aos lábios uma pe­quena criatura saltava da água para a sua boca, nada vendo cada vez que olhava para a tigela.
Certo dia, o sono de Dechtire foi interrompido por um sonho do homem numa casa-fantasma. Ele disse­-lhe que a seu nome era Lugh, filho de Ethniu, que a tinha atraído a casa e que ela era agora portadora da semente do seu filho: o menino iria chamar-se Setenta (CuChulainn, pronuncia-se Cu-hu-lim) e receberia os dois potros que só a ele estavam destinados.
Quando os homens de Ulster viram que Dechtire estava com a criança, perguntaram se o pai poderia ser o próprio Conchobar, pois o irmão e a irmã dormiam lado a lado. Mas, o rei livrou-se do embaraço, prometendo a sua irmã em casamento a Sualtam, filho de Roech.
No entanto, Dechtire sentia-se mortificada por ter que dormir com seu esposo, quando já trazia dentro si o filho de outro homem. Assim, numa noite que estava só, esmagou o bebê que tinha no ventre. Logo em seguida Dechtire engravidou de novo e nasceu CuChulainn, o filho de Sualtam.
Façanhas da Adolescência de CuChlainn
Certo dia, Sualtam e Dechtire falaram ao seu filho acerca dos famosos rapazes de Emuin Machae, que Conchabar via jogar quando ele próprio não jogava ou bebia a caminho da cama. CuChulainn perguntou a Dechtire se podia ir ver os rapazes.
- "Deves esperar até que um guerreiro de Ulster possa ir contigo." respondeu-lhe.
- "Quero ir agora." disse CuChulainn.
- "Que caminho devo seguir?"
- "Vai para norte." respondeu a sua mãe, "mas toma muito cuidado, pois o caminho esta cheio de perigos."
- "De qualquer maneira, irei." disse CuChulainn, tendo partido com as suas armas de brinquedo, uma minúscula espada e um escudo; levou também o seu aléu (parecido com o taco) e a bola, esperando poder jogar com os rapazes de Emuin Machae.
Em Emuin dirigiu-se diretamente para o campo de jogos, sem ter pedido primeiro a proteção dos outros jogadores. Os rapazes ficaram furiosos perante esta falta de cortesia, pois toda as pessoas conheciam as regras de comportamento no campo de jogos.
Disseram-lhe para sair do campo e arremessaram-lhe cento e cinqüenta; cada uma delas ficou cravada no minúsculo escudo de CuChulainn. Lançaram-lhe, violentamente cento e cinqüenta bolas, cada uma das quais ele recebeu no peito. Atiraram-lhe depois cento e cinqüenta aléus, mas ele apanhou-os todos.
CuChulainn estava furioso os cabelos puseram-se em pé e os olhos faiscaram de tanta raiva. Um dos olhos fechou-se até ficar do tamanho do fundo de uma agulha, enquanto o outro se abriu no tamanho de uma tigela. O grande jovem guerreiro perdeu a cabeça.
O rei Conchobar estava jogando xadrez quando nove dos rapazes fugiram com CuChulainn a persegui-los ardorosamente. Cinqüenta já estavam fora da contenda, prostrados onde ele os abatera. "Isto não e desporto", gritou Conchobar.
- "São eles os maus desportistas," respondeu CuChulainn. "Pois eu queria juntar-me aos seus jogos e eles tentaram expulsar-me do campo."
- "Como te chamas?" perguntou Conchobar.
- "Chamo-me Setanta, filho de Sualtam e da tua irma Dechtire."
- "Por que razão," perguntou Conchobar "não pediste proteção aos outros jogadores?"
- "Não me ensinaram as regras." respondeu CuChulainn.
- "Então, aceitaras a proteção do teu tio?" perguntou Conchobar.
- "Aceitarei," disse CuChulainn, "mas uma coisa vos peço, que me seja permitido encarregar-me da proteção dos depois cento e cinqüenta rapazes." Conchobar concordou e todos eles safaram-se do campo de jogos. Os rapazes que CuChulainn prostrara levantaram-se a vista do seu novo herói.
Pouco depois do episódio do campo de jogos, relatado por Fergus, CuChulainn viu-se envolvido em outras aventuras ainda mais heróicas.
Culaan, o ferreiro, convindou Conchobar para uma festa. Apenas alguns podiam acompanhar o rei do Ulster, pois o ferreiro tinha apenas a riqueza proporcionada pelas suas mãos tenazes. Portanto, só os cinqüenta campeões favoritos mais velhos puderam acompanhar Conchobar. Antes de deixar Emuin, o rei fez uma visita ao campo de jogos para se despedir dos rapazes.
CuChulainn estava sozinho a jogar contra os cento e cinqüenta rapazes, e estava ganhando. Quando eles tentavam atingir o objetivo com as suas bolas, CuChulainn defendia e parava cada uma delas. Depois, na luta greco-romana, levou-os ao chão; além disso, todos os cento e cinqüenta rapazes não conseguiram dominá-lo.
Conchobar ficou admirado perante as façanhas de seu sobrinho e perguntou aos seus homens se CuChulainn viria a tornar-se um grande guerreiro e a realizar atos heróicos semelhantes e todos eles concordaram que assim seria. "Vem conosco para a festa de Culaan", disse Conchobar.
- "Vou terminar os jogos" respondeu CuChulainn, "e seguirei depois."
Na festa, Culaan, o ferreiro, perguntou ao seu real convidado se estavam todos presentes. "Sim", respondeu Conchobar, esquecendo do seu sobrinho, "e estamos prontos para comer e beber."
- "Bem, então", disse o ferreiro "vamos fechar as portas e divertir-nos, o meu cão guardara o gado que está nos campos. Nenhum homem lhe escapará, pais são necessárias três correntes para prendê-lo, e três homens para cada corrente."
Entretanto, a rapaz estava a caminho da festa e para se divertir ia atirando a bola ao ar e em seguida acertava-lhe com aléu, também atirava a sua lança para a frente e corria para a apanhar antes que tombasse no chão.
Quando entrou no pátio de Culaan, o ferreiro, o cão avançou em sua direção. A agitação foi ouvida por Conchobar e seus homens, que viram pelas janelas como CuChulainn lutava com a cão de mãos vazias. Agarrou-o pela garganta e pelas costas e fé em bocados contra uma coluna.
CuChulainn foi convidado a entrar. "Estou contente par atenção a tua mãe", disse Culaan, "pelo fato de estares vivo. Mas aquele cão protegia todos os meus haveres, e agora tenho que substituí-lo."
- "Não se preocupe," disse CuChulainn, "criarei para si um cachorro da mesma raça, e até que ele esteja suficientemente grande para guardar a sua propriedade, eu próprio serei a seu cão de guarda."
- "Então, CuChulainn, a partir de agora passaremos a chamar-te, "O Cão de Caça de Culaan", disse Conall.
- "Tais foram às proezas de um rapaz de seis anos." disse Conall. "Que enormes façanhas podemos esperar agora dele com os seus dezessete anos?"


Bibliografia:
Introdução à Mitologia Céltica - David Bellingham

O Destino dos Filhos de Lir


Os cinco reis da Irlanda reuniram-se um dia para eleger, dentre eles, um grande rei de Erin. Os seus nobres escolheram Dearg, filho de Daghda, por ser o filho mais velho de um druida altamente respeitado. Contudo, o rei Lir deixou a reunião real muito irritado, pois esperara para si próprio essa alta distinção.

Os outros reis quiseram cavalgar atrás dele e feri-lo com a espada e com a lança devido à sua traição, mas Dearg deteve-os. De forma a manter a paz, disse: faremos dele nosso parente, dando-lhe a saber que pode escolher para esposa uma das três lindas filhas de Oilell de Aran, meu próprio filho adotivo.

Foram enviados mensageiros para a colina de White Field, onde o rei Lir tinha a sua corte. Este aceitou a oferta e, no dia seguinte, partiu com cinquenta carroças para o lago do Olho Vermelho, perto de Killaloe. O rei Dearg estava lá à sua espera, juntamente com as três filhas de Oille. Toma a donzela que desejares, qualquer que seja, disse Dearg.

Não posso decidir qual delas é a mais bonita, responder Lir, e por isso, levarei a mais velha, pois ela é a mais nobre. A donzela Ove é a mais velha das três, e é tua se assim o desejas, disse Dearg.

Lir regressou à colina de White Field, com Ove como sua noiva. Pouco tempo depois nasceram uma filha e um filho gêmeos, Fingula e Aod eram os seus nomes. Mais dois filhos se seguiram, Fiachra e Conn, mas o nascimento deles levou à deplorável morte de Ove. Contudo, Lir amara ternamente a sua mulher e o seu coração não teria resistido se não fosse o igual amor que sentia pelos seus quatro filhos.

Quando recebeu a notícia, o rei Dearg sentiu muito a dor de Lir, pelo que enviou mensageiros para lhe oferecer a mão de Oifa, irmã de Ove, como segunda esposa. Casaram e viveram felizes durante algum tempo. Porém, Oifa começou a ter ciúmes das crianças, que eram amadas por toda a gente. Assim, levou-as a passear de carroça, tendo em mente intentos perversos. Fingula resistiu, pois na noite anterior, sonhara coisas terríveis a respeito da sua madrasta; porém o seu destino estava marcado e ela entrou na carroça.
Os cinco chegaram ao lago dos Carvalhos. Dar-vos-ei aquilo que mais desejarem neste mundo, gritou Oifa para a gente que ali habitava, se matarem os quatro filhos de Lir. Todavia, ninguém quis nada com ela. Então, disse às crianças que fossem nadar no lago, lançando-lhes um encantamento com uma varinha que um druida lhe oferecera certa vez. E enquanto apontava a varinha, cantou as palavras mágicas por sobre as águas e lançou correntes de prata, que se enrolaram nos pescoços das crianças:

Nas águas selvagens, real Progênie de Lir!
Para todo o sempre os vossos
Gritos ficarão perdidos entre as aves.
As quatro crianças começaram imediatamente a ficar cobertas de penas macias e, em breve, se tornaram lindos cisnes da mais pura brancura.
Fingula cantou: Conhecemos-te por aquilo que és, mulher bruxa!
Tens poderes para nos fazer nadar no lago,
Ainda que possamos descansar em terra quando quisermos;
Nós seremos acariciados, mas tu serás censurada.
Embora nos vejas agora sobre as ondas,
Os nossos espíritos estão a caminho de casa.

Retira a maldição que sobre nós lançaste, gritou Fingula. Nunca! Exclamou Oifa, rindo. Não até que Lairgnen de Connaught case com Deoch de Munster e as mulheres do Sul se unam aos homens do Norte. Durante novecentos anos terão de sulcar os lagos e rios de Erin e ninguém será capaz de retirar o meu encantamento. Uma coisa vos concedo: conservarão a fala do homem e nenhum homem ou animal ouvirá o vosso áspero cantar. Disse isto sem qualquer remorso; depois cantou:

As nossas saudações ao grupo de cavaleiros
Que se aproxima do lago do Olho Vermelho,
Estes não são homens de encantamento e podem
Procurar tirar-nos das águas.
Então dirijam-se para a margem, irmãos Aod,
Fiachra e formoso Conn,
Pois estes não são cavaleiros estranhos
Mas nosso pai, o rei Lir, e os seus homens.

Lir ouviu as maravilhosas vozes humanas dos cisnes e perguntou os seus nomes. Nós somos os filhos de Lir, gritaram. A nossa madrasta lançou sobre nós uma cruel maldição, como todos podem ver, e esta não pode ser levantada até ao casamento de Lairgncn e Deoch.

Os cisnes cantaram as suas selvagens e míseras baladas. Lir e os seus acompanhantes choraram e enfureceram-se, até que os cisnes acabaram por voar para longe. Logo a seguir, Lir fez-se a caminho para o palácio de Dearg e contou-lhe a perfídia da sua segunda mulher. Que criatura, perguntou Dearg a Oífa, gostarias menos de ser neste mundo de figuras e formas?

- Bem, repondeu ela, qualquer pessoa odiaria ser transformada em um demônio do ar.

Então, torna-te num deles, disse Dearg, apontando sua varinha para Oifa. O rosto desta tornou-se imediatamente demoníaco e as asas afiladas levaram-na para o ar, para ali ficar como demônio, até ao fim dos tempos.

Os filhos de Lir entoaram as suas canções de pesar aos clãs que habitavam em redor do lago do Olho Vermelho, até acharem que chegara a altura de partir. Enquanto se mantiveram nas margens do lago, Fingula cantou para a gente de Dearg e de Lir:

Faz o bem, Dearg nosso rei,
Tu que dominaste a arte dos druidas!
E faz o bem, nosso pai querido,
Rei Lir da colina de White Field!
Nós vamos partir para viver os nossos últimos dias,
Muito longe das habitações dos homens.
Nadaremos nas mates cheias do Moyle,
Com todas as penas frias e salgadas.
Até esse dia em que Deoch se junte a Lairgnen,
Voemos, meus irmãos, que já tivemos faces coradas;
Do lago do Olho Vermelho partiremos;
Com pesar voaremos para longe dos nossos entes queridos.

Partiram, voando alto pelo céu, a perder de vista, e não descansaram até chegarem a Mooyle, o lençol de água que está entre Erin e Alba. E a gente de Erin ficou tão triste com a partida dos meninos-cisne, que decretou uma lei que proibiu a morte de cisnes.

As crianças encontraram-se, geladas e sozinhas, no meio de uma enorme tempestade. Fingula sugeriu que combinassem um ponto de encontro, para o caso de se perderem na tempestade. Reunir-nos-emos, disse a seus irmãos, no rochedo das Focas.

Ao dizer isto, um relâmpago e um trovão atiraram os filhos de Lir para longe uns dos outros, perdidos na intensa tempestade. Quando finalmente esta amainou, Fingula cantou:

Desejei ter morrido nas bravias águas
Pois as minhas asas transformaram-se em gelo.
Meus três irmãos, voltem de novo
E escondam-se uma vez mais debaixo das minhas asas.
Mas eu sei que isto nunca poderá acontecer
Até que os mortos se levantem das suas sepulturas!

Pôs-se a caminho do rochedo das Focas, e apareceram dois dos seus irmãos, Conn e Fiachra, com as penas pesadas pelo sal que o mar tempestuoso atirara sobre elas. Fingula aconchegou-os debaixo das suas asas. Se, pelo menos, o nosso irmão Aod estivesse aqui conosco, gritou, então estaríamos felizes. Aod chegou com a cabeça e as penas secas e lisas. Fingula cobriu-o com o peito, tendo Conn e Fiachra debaixo de cada uma das asas, e cantou:

As palavras mágicas de uma mulher malvada
Enviaram-nos para os mares setentrionais,
Transformados pela nossa madrasta somos
Formas mágicas de cisnes.
E agora a nossa banheira é a crista da água
Na espuma salgada do rebentar das ondas
E a única cerveja que bebemos durante a festa
E o trago salgado do profundo mar azul.

Um belo dia, um grupo de reluzentes cavalos brancos chegou a galope e as crianças-cisne reconheceram os dois filhos de Dearg. O rei, nosso pai, disseram, e evidentemente, o vosso próprio pai Lir, estão vivos e bem, mas não se sentem felizes desde que voastes do lago do Olho Vermelho. Fingula cantou então os seus destinos:

Esta noite há carne e bebida na corte,
Na corte de Lir há alegria.
Mas o que foi que aconteceu aos filhos de Lir?
As nossas camas são as nossas penas,
A nossa comida é a areia branca,
O nosso vinho é o profundo mar azul.
Debaixo das minhas penas descansam Fiachra e Conn,
Sob as minhas asas nadam no Moyle,
E debaixo do meu peito descansa o querido Aod.
Juntos descansamos na nossa cama de penas.

Os filhos de Dearg regressaram, contaram o que tinham visto e falaram da linda canção que tinham ouvido. As correntes do Moyle levaram os filhos de Lir para a baía de Erris, onde permaneceram até ao dia fadado em que tiveram de regressar à colina de White Field. Encontraram tudo num estado de desolação; só havia urtigas onde, outrora, se erguiam as altas paredes das casas. Por três vezes gritaram a sua dor. Então, Fingula cantou:

Que triste é para mim ver
As casas em ruínas de meu pai.
Houve aqui outrora cães de guarda e cães de caça,
Aqui as mulheres riam com os galantes cavaleiros,
Aqui ouviu-se outrora o entrechocar dos copos
De chifre ou madeira nas festas felizes,
Agora, tudo o que vejo é desolação
Desde que há muito meu pai morreu e partiu.
E nós, seus filhos, vagueamos durante anos,
E sentimos a cruel rajada dos ventos gélidos;
Mas chegou agora o mais cruel de todos os golpes,
Regressar finalmente a uma casa vazia.

Em seguida, os cisnes voaram para as encantadoras ilhas do Oeste. Por essa altura, a profecia da canção de Fingula tornou-se verdadeira. Deoch, a princesa de Munster, prometeu casar com Lairgnen, príncipe de Connaught. Todavia, Deoch não casaria até que o seu príncipe lhe trouxesse os maravilhosos cisnes.

Eairgnen encontrou-os a nadar alegremente no lago das Aves; remou até eles e retirou-lhes as correntes de prata. Num instante, tornaram-se novamente humanos, mas os rapazes tinham crescido e eram agora homens velhos e a jovem Fingula uma velha magra encurvada. Morreram, passada uma hora, e foram deixados a descansar como tinham estado em vida. Fiachra e Conn, um de cada lado de Fingula, e Aod debaixo do seu peito.

A morte do trigo


O viajante viu uma bifurcação na pequena estrada de terra pela qual havia caminhado durante todo o dia. Estava chegando a noite e ele precisava achar um lugar para dormir. Ao longe, viu o que parecia ser uma aldeia no final da es-trada que virava à direita, algumas luzes já acesas. Ajeitou a mochila nas costas e o chapéu na cabeça, e tomou aquela direção.Andava nas margens de um trigal e esse trigal havia sido ceifado há pouco tempo, provavelmente naquela manhã mesmo. Desprendia um cheiro forte de mato e terra, um perfume que agradou ao homem. Aquele era o cheiro do campo, o cheiro da terra, que tanto buscava em sua jornada. Provavelmente o povo da aldeia agora se ocupava em estocar o trigo colhido, mas certamente lhe ofereceriam uma cama.Quando caiu a noite, ele ainda estava longe da aldeia. O ruído seco de seus passos na terra batida acompanhava os primeiros grilos que começavam a cantar. Era uma noite de lua minguante, não estava muito claro. Quase tudo era sombra ao seu redor. Foi então que reparou numa sombra que se movia. Pa--recia que tinha alguém sentado na beira do trigal.Chegou mais perto mas, mesmo assim, não conseguia definir a sombra. Ora parecia ser um homem sentado, ora era apenas um vulto sem forma, e por vezes ficava transparente. Não teve medo, teve antes curiosidade.E se aproximou.A estranha figura estava comendo. Comia frutas e pães. Bebia, também. Leite e cerveja. Olhou para o viajante quando ele se aproximou.– Boa noite, viajante. Quer se juntar a mim e cear?Sua voz era como o vento que soprava em seus ouvidos.– Não, obrigado – respondeu, receoso – Porque come aqui, ao lado do trigal? A noite está fria.– Aqui é meu lugar. Hoje, fui ceifado. Eu morri. Sou o espírito do trigo.– Isso é triste... mas você me parece alegre!– E estou alegre! Veja quantas oferendas os camponeses deixaram em minha honra! – apontou para a comida e a bebida – E depois, eu morro como trigo e vou renascer como pão. E o pão alimenta aqueles que me deram a vida quando me plantaram na terra e cuidaram de mim. Nosso relacionamento é baseado no dar e receber. Veja como não se esquecem de me agradecer, veja quanta comida! Posso até passar mal! Vamos, junte-se a mim!O viajante acabou aceitando. Como se recusar a compartilhar da companhia de um espírito da natureza? Comeu um pedaço de bolo e algumas amoras pretas que tingiram as pontas de seus dedos de uma cor arroxeada. Depois bebeu do leite fresco e também da cerveja. Pensou no tanto de alimentos que já havia consumido e que jamais havia honrado. Era um homem da cidade. Lá, onde existia a lei do concreto, todos se esqueciam dos espíritos com os quais interagiam todo o tempo. Se esqueciam até de seus próprios espíritos.– Viajante – falou o espírito do trigo – Coma o quanto quiser. Depois descanse e recupere suas forças. E de manhã, ao seguir sua viagem, siga o caminho onde brilha o Sol. E não se esqueça de agradecer ao espírito do Sol pelo calor e pela luz confortantes. E o deus Lugh te abençoará em sua jornada.O viajante agradeceu e olhou adiante, para a aldeia que almejava chegar. Desistiu e resolveu passar a noite ali mesmo, com o espírito do trigo, com a lua, com as estrelas e com as corujas que piavam.

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